“Como esquecerei da tua gélida e fria
presença levando de mim a vida. Ou a vida me entregando a em suas mãos malditas.”
Dizia o doente em quanto ainda se encontrava vivo, mas já para morrer
encontrava-se ele em sua cama, numa época tão medieval. E enquanto estava para
morrer apagava e voltava a vida de forma agonizante, enquanto as duas deusas
brigavam entre si, a Vida e a Morte.
–
Ainda não é a hora dele, ainda resta alguns anos a esse pobre infeliz e a
esperança faz parte da vida – dizia a Vida.
–
Veja só para a expressão facial desse podre coitado, tão pálida, que mostra
claramente que os únicos momentos de vida para ele, não passa de míseros
minutos ou no máximo algumas horas – respondeu a Morte.
Lembrado
que ater aquele momento a Esperança, não a havia estado e nem chegado a ater o
quarto daquele pobre doente a beira da morte. Porque já tão velho não lhe
restava mais a fé na Esperança, nem para alguns anos de vidas. Ele sabia que a
morte para ele era algo inevitável. E ele podia vê-la, podia ver a sua face
assustadora em forma de caveira e sua foice tão afiada que ater a ponta,
pontiaguda, brilhava como diamante.
Ele
podia vê-la porque estando para morrer o mundo espiritual abria as suas portas
para ele. Então ele podia ver tanto a luz quanto a escuridão por esta entre a
vida e a morte. Estava então as duas, com o coração dele quase morto, nas mãos.
A
imagem daquela deusa era como uma tentação assustadora, com suas curvas, mas
que por de baixo daquele tecido tão escuro que a cobria, não havia corpo, só
osso e frieza.
Enquanto
a Vida era pura luz, bela e graciosa, quente e amorosa. Fazendo de tudo para
manter aquela podre vida efêmera ainda viva. E ao olhar para a vida o doente
mesmo vendo a expressão bela e a bondade daquela deusa. Ele sabia que não havia
mais jeito e que sua hora havia por fim chegado.
O
quarto era escuro com duas velas em cada lado da cama, enquanto que de frente
para o doente encontrava-se uma janela. E naquele momento de vida que ainda
restava ao doente o tempo não era um dos mais bonitos.
Nuvens
escuras e céu nublado chovendo sem parar, enquanto o doente igualmente tossia
sem parar, à beira de morrer e por fim encontra a paz ou sofrimento caindo
direto em Umbral. E a morte então o circulava por sua cama, esperando
ansiosamente os últimos suspiros do doente.
Tremia
então o doente para morrer naquele dia chuvoso e tremia tossindo bastante. Com
os olhos vermelhos e expressão facial amedrontada, pôs a morte estava por fim
ganhando a batalha contra a vida e o doente por fim já não tinha mais
esperança. Então o doente gritou:
–
Estou morrendo! –
Sua
serva ouviu e foi correndo chamar o doutor que estava na sala, então o médico
foi correndo para o quarto a onde o doente repousava em seus últimos suspiros
fatídicos de vida preste a morrer.
E
ao entrar no quarto o doutor disse:
–
Não ar mais nada que eu possa fazer, eu sinto muito, ele está morrendo – disse
o médico.
A
Morte então estava sorrindo ao ter escutando o que disse o médico então nada
mais podia ser feito.
No
quarto do doente havia algumas velhas cadeiras empoeiradas e sua escrivaninha.
E sua última carta que dizia mais ou menos isso: “Estou à beira da morte, morrendo a cada dia, já não sou mais aquele
jovem de outrora. Mas um velho doente de agora, com as peles enrugadas e preste
a morrer. Mil perdões por eu não poder comparecer. A deus e ater em uma outra
vida meu amigo... Assinado João Pedro.” – Tiago Amaral
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