– Fritei um ovo, ou melhor fiz
um ovo mexido do jeito que você gosta. Agora coma e para de fazer pergunta
sobre seu pai – disse a mãe.
E o dia do lado de fora visto
já vidraça da janela da cozinha, com cheiro de café da manhã, estava meio acinzentado.
Parecendo que acabou de chover ou a chuva estava para vim. E era um clima tão
tenso quanto o clima cá dentro da casa.
– O imbecil do seu pai não
foi um herói de guerra. Foi um idiota que nos abandonou e simplesmente foi
embora. Não era isso que você queria saber? – disse a mãe.
Será que para uma criança não
era uma carga pesada demais? Mesmo a criança querendo saber a verdade sobre seu
pai? Mesmo a verdade sendo tão importante? Pesada ou não é melhor dizer a
verdade do quer escondê-la por debaixo dos panos.
E do outro lado da rua daquela
cidadezinha americana tão pacata. Havia outra casa bem na frente, frente a
frente com a outra. Como se estivesse uma olhando para a outra. E nessa outra
casa se passava mais ou menos a mesma história.
– Coma o seu café da manha
que eu fiz com tanto carinho. E tente esquecer da sua mãe. Eu sinto muito –
disse um pai a sua querida filha.
Ambos os pais moravam praticamente
um de frente por outro a quase 20 anos e nunca se falaram. Muito menos se viram
olhos nos olhos, pareciam então que moravam em galáxias, planetas, mundos
totalmente diferentes um do outro. Pôs nunca se viram e quando digo nunca é
nunca mesmo.
Suas vidas tão parecidas. Mas,
tão distante uma da outra devido a tantas coincidências e circunstâncias.
E parecia que o inverno não e
a embora tão sedo, por ter simplesmente acabado de chegar também tão sedo, bem
naquela manhã tão fria.
Quem diria que quando o inverno
fosse embora ou simplesmente passassem. Algo tão inesperado quanto impossível,
aconteceria na vida daquela mãe e pai solteiros. Que teve seus destinos
traçados e mudados por erros cometidos durantes suas vidas.
– Sua mãe simplesmente não
prestava. É isso minha filha, ela apenas te deu a vida e depois foi embora –
disse naquela mesma manhã o pai a filha.
Então o tempo frio do inverno
tinha felizmente se passado e numa manhã o verão nascia, junto com o sol tão
quente, quanto contente e caloroso.
E ao mesmo tempo que cada um
deles seguia para o lado oposto. Ao levarem seus filhos para escola. Naquele
primeiro dia de verão mostrou como depois de tantos anos, vivendo um de frente
por outro, numa cidadezinha tão fria e pacata. O sol uniu pela primeira vez os
seus olhos daquele casal de pais solteiros.
E tanto, Clara, quanto, Lucio,
tiveram a mesma ideia, que foi a de acampar em um parque florestal perto das
montanhas. E por pura coincidência o filho de Clara se chamava, Lucio, chamado carinhosamente
pela mãe como: “Lucinho” E a sim como
a filha de Lucio também por um tal e pura coincidência, se chamava Clara, chamada
carinhosamente de: “Clarinha” pelo pai.
E quando abriram a porta de
casa praticamente ao mesmo tempo os olhos de Lucio e Clara se encontraram. E
ambos sentiram uma alegria inexplicável e Lucio correu ater a vizinha Clara,
que era mais nova do que ele e disse:
– É a primeira vez que eu ti
vejo aqui, eu me chamo Lucio, é um prazer te conhecer – disse ele tão encantado
com a moça.
– Eu me chamo Lucia é um
prazer para mim também. Moro aqui a tanto tempo. Quase 20 anos.
– E eu bem mais – lembrou Lucio
– Então ele perguntou – Para onde vocês estão indo?
– Estamos indo acampar no
parque florestal entre as montanhas.
– Eu também com minha filha –
disse Lucio seguindo de – Podemos ir todos no meu ou no seu carro.
– Serio? – disse Clara
seguindo de mais algumas palavras também, como – Maravilha, então está bom. A
sim podemos nos conhecer melhor.
– Perfeito! – disse Lucio
sorridente.
Desde daquele verão ambos
viveram juntos para sempre, seja por coincidência e circunstância, o amor
simplesmente acontece, quando tende de acontecer. – Tiago Amaral
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