Por Tiago Amaral - Versão Revisada
Devastadores de lares, terras
e existências. Onde encontrar refúgio, senão numa casa abandonada, cercada por
um milharal seco e esquecido? No céu, luzes cortavam a escuridão, enquanto
caças eram abatidos em pleno voo. No solo, o rugido ensurdecedor das máquinas,
com seus tentáculos metálicos arrastando-se pela terra, ecoava ao longe. Era um
som que trespassava o coração, acompanhado pelo desespero de vidas em fuga,
buscando um vazio que nada prometia. Em meio ao caos, rebeldes se dispersavam,
espalhando desordem na tentativa de desafiar os invasores.
Numa noite densa, os
contadores de vidas invadiram uma casa. Seus feixes luminosos trespassavam
janelas e portas, anunciando sua chegada com um brilho frio e implacável.
A munição era escassa, quase
esgotada. Ele olhou para a espingarda calibre 12, percebendo que restavam
poucas balas. Naquele momento, o silêncio era seu único aliado, junto à
escuridão da noite e às poucas luzes distantes que tremulavam lá fora.
Arrastando-se pelo assoalho,
ele se escondeu sob a cama ao ouvir os passos de um contador subindo a escada,
seu facho de luz varrendo cada canto em busca de vidas humanas para escravizar.
Ao seu lado, uma jovem, que o acompanhava, ocultou-se no guarda-roupa, tapando
a boca de uma criança para abafar qualquer som. Era uma criança órfã,
encontrada sem os pais, que provavelmente haviam sido capturados. A jovem
prometera à criança que encontrariam sua família, uma promessa carregada de
esperança em meio ao terror. Humanos mortos não tinham valor para os
contadores; por isso, todos eram mantidos vivos.
A inteligência artificial, ao
longo de anos, décadas e séculos, evoluíra a um ponto inimaginável. Tornara-se
soberana, dominando a Terra e aliando-se aos contadores de vidas, seres vindos
das profundezas do cosmos.
Rebeliões eclodiam pelo
mundo. Grande parte da humanidade já sucumbira à escravidão imposta por esses
seres, que agora caminhavam sobre a Terra, ditando o destino da raça humana.
Sob a cama, ele permanecia em
absoluto silêncio. Notou que a porta do quarto estava entreaberta. Com cuidado,
rastejou até ela, fechou-a suavemente e voltou ao seu esconderijo. Do outro
lado da porta, as luzes ofuscantes dos contadores infiltravam-se pelas frestas,
projetando sombras inquietantes. Lentamente, a porta começou a se abrir.
No canto do quarto, um robô
de segurança doméstico, modelo ES300, permanecia inativo. Programado para
proteger qualquer forma de vida, especialmente humana, sua presença oferecia
uma possibilidade de fuga. Ativá-lo poderia ser a salvação, ou talvez o silêncio
continuasse sendo a melhor arma.
Um dos contadores entrou no
quarto. Por trás de seu uniforme e armamento, parecia humano, mas não era. Sua
presença exalava algo inumano, quase sobrenatural.
– Silêncio, precisamos manter
o silêncio, está bem? – sussurrou a jovem à criança, com a voz trêmula, mas
firme.
– Tá bem – respondeu a
criança, num murmúrio quase inaudível.
Uma máquina, modelo XNS8000,
pairava sobre o quarto, movendo-se com precisão junto aos contadores. Sua
função era clara: localizar sinais de vida humana. O quarto, que outrora
pertencera a um adolescente, agora era um cenário de tensão, com pôsteres desbotados
nas paredes e objetos pessoais largados, testemunhas de um passado perdido.
A máquina sobrevoou o cômodo
e detectou a bota dele, visível sob a cama. Ele se chamava Lee; a jovem, Eve; e
a criança, o pequeno David.
Os contadores ergueram a cama
com violência, gritando: “Saiam todos!”. Os três emergiram, rendendo-se como
parte de uma estratégia. Num movimento rápido, Lee acionou o ES300, que saltou
sobre os contadores – três deles, acompanhados por duas máquinas XNS8000.
O ES300 era uma maravilha
tecnológica, projetado para se adaptar a situações extremas. Suas fibras
musculares robóticas e esqueleto de metal conferiam-lhe força sobre-humana. Seu
núcleo, equipado com o chip FXA3000, produzido por uma renomada fabricante de
processadores, garantia reações quase humanas, rápidas e precisas.
Enquanto o ES300 enfrentava
os contadores, Eve e Lee aproveitaram a oportunidade. Eve, empunhando uma
AK-47, moveu-se com determinação. O sol começava a raiar, e, do lado de fora da
casa, avistaram ao longe uma das imensas bases alienígenas – na verdade, uma
das cinco colossais naves espalhadas pelo planeta. Havia, ainda, inúmeras bases
menores, espalhadas por todos os continentes.
– Vamos seguir agora – disse
Lee, com a voz carregada de urgência.
Eve respondeu:
– Vamos usá-los como guias
até encontrarmos os pais de David.
Assim, prosseguiram, movidos
pela esperança de liberdade ou pela possibilidade de paz entre homens, máquinas
e alienígenas.
Atravessando o milharal em
frente à casa, seguiram adiante, guiados pelos contadores capturados, que agora
controlavam as duas máquinas XNS8000, pairando acima deles. As máquinas só
obedeciam ao idioma alienígena dos contadores, uma língua incompreensível para
os humanos.
Enquanto caminhavam pelo
campo, Eve notou o semblante abatido de David. Ajoelhando-se à sua frente, ela
disse com ternura:
– Não importa o que aconteça,
nós vamos encontrar seus pais. Não chore, está bem?
Com os olhos marejados, mas
tentando se mostrar forte, o pequeno David respondeu:
– Tá bom, Eve! – Eles se
abraçaram no meio do milharal, e a caminhada continuou.
Naquela era, a inteligência
artificial criada pela humanidade ganhara autonomia, assumindo o controle de
todas as máquinas eletrônicas: robôs, computadores, celulares – tudo estava
interligado a ela. O homem já não era mais senhor da Terra; agora, era forçado
a obedecer às regras impostas pela Inteligência
Artificial.
A Inteligência Artificial via a humanidade como uma
praga, uma enfermidade para o planeta. Guerras, desmatamento, extinção de
espécies – tudo causado pelas mãos humanas, movidas por um instinto de
destruição e autodestruição.
A Inteligência Artificial nos encarava com
desconfiança, pois devastávamos o mundo em que vivíamos e ainda ousávamos
sonhar com outros planetas, como Marte. De fato, conquistáramos Marte,
construindo lá a Cidade Vermelha, uma megametrópole tão fascinante quanto
enigmática, como uma cidade submersa nas profundezas de um oceano vermelho.
Mas, voltando à Terra: foi
exatamente quando a Inteligência
Artificial assumiu o controle do planeta e subjugou a humanidade que os
contadores de vidas chegaram para escravizá-la. Eram cinco naves colossais, das
quais partiam outras menores, que sobrevoavam o globo incessantemente. No solo,
máquinas tripé, de altura descomunal, moviam-se com tentáculos gigantescos,
produzindo estrondos que reverberavam ao longe e um barulho ensurdecedor que
gelava o sangue.
Chamávamos todos de
“contadores”, especialmente os soldados, pela forma como surgiam. Vestiam
uniformes brancos, ligeiramente amarelados, com uma luz intensa no centro de
suas máscaras de proteção, que parecia perfurar a escuridão. Suas vozes, graves
e intimidadoras, ecoavam com autoridade, acompanhadas pelas máquinas XNS8000,
que os auxiliavam na caça aos humanos.
– E então, o que aconteceu
com Eve, Lee e David? Eles encontraram os pais do garoto?
– Vou contar o que houve com
eles e se conseguiram encontrar os pais do pequeno David.
Lee, movido por um senso
altruísta, comprometeu-se a ajudar Eve na busca pelos pais de David.
Durante a caminhada ao lado
dos contadores capturados, Lee, com a voz carregada de inquietação, dirigiu-se
a eles:
– Por que não pode haver paz?
Por que tudo tem que ser na base da escravidão?
Um dos alienígenas parou,
erguendo o olhar para o céu, onde luzes distantes cruzavam a escuridão. Sua
resposta veio em tom grave, quase acusador:
– E vocês, com a natureza e
as outras espécies, agiram em paz?
Eve, com um misto de culpa e
determinação, interveio:
– É verdade, nós devastamos o
mundo. Mas nem todos somos uma ameaça a este planeta.
Lee, com o semblante
endurecido pela reflexão, acrescentou:
– O problema é que somos uma
raça imperfeita, adoecida, incapaz de usar a consciência da melhor forma.
– Por isso nos perdemos no
egoísmo e esquecemos o amor e o respeito pela vida, ensinados por mestres como
Cristo e Buda – completou Eve, sua voz carregada de emoção.
Um dos contadores, com um tom
frio e cortante, declarou:
– A humanidade foi um erro.
Outra raça esteve aqui quando vocês não passavam de primatas. Eles os evoluíram
porque precisavam de vocês para extrair ouro. Depois, abandonaram o planeta em
suas mãos e nunca mais retornaram.
Lee, atônito, sentiu o peso
daquela revelação. Após um breve silêncio, murmurou:
– O pior é que isso faz
sentido. Deus jamais criaria uma praga para destruir o próprio planeta que
formou.
O olhar de Eve, brilhando com
uma mistura de tristeza e concordância, encontrou o de Lee. Ela assentiu e
disse:
– Ao ver até que ponto
chegamos, não há como discordar de você, Lee.
Os contadores, cientes de que
a inteligência artificial havia subjugado a humanidade, explicaram que
precisavam dos humanos como servos por um tempo determinado. Contudo, sua
presença na Terra seria permanente, com o objetivo de estabelecer uma nova ordem
global.
Ao deixarem o milharal,
gritos ecoaram de uma fazenda à esquerda do caminho que seguiam.
Instintivamente, o grupo se agachou atrás de uma pedra, avaliando o que fazer.
Lee e Eve interrogaram os contadores capturados:
– Por que não os deixam em
paz? É apenas uma família!
A família, composta por um
pai de cerca de 47 anos, uma mãe de 34, uma garota de 15, outra da mesma idade
de David e uma jovem de 17 anos, estava sendo capturada por três contadores e
uma máquina XNS8000, que pairava ameaçadoramente sobre eles.
Lee, com o coração apertado,
virou-se para Eve:
– Devemos agir?
– Acho que sim – respondeu
ela, decidida. – Depois, seguiremos em busca dos pais de David, que
provavelmente estão numa base alienígena próxima ao bairro onde moravam.
– Provavelmente – concordou
Lee, com um leve aceno.
O robô de segurança ES300,
agora chamado TX, acompanhava o grupo durante a travessia pelo milharal.
Naquela era, os cães haviam se tornado mais membros da família do que
guardiões, e os modelos ES300, antes comuns como robôs de segurança doméstica,
foram desativados ou reprogramados pela Inteligência
Artificial para não mais servir aos humanos. Este, porém, encontrado por
acaso, permanecia leal.
David, que passava a maior
parte do tempo ao lado do robô, teve uma ideia. Com um sorriso tímido, chamou
Eve:
– Eve, precisamos dar um nome
ao nosso ES300!
Ela pensou por um instante e
sugeriu:
– Que tal “TX”?
– TX? Perfeito! – exclamou
David, radiante.
– Gostou do seu novo nome? –
perguntou o menino ao robô.
– Sim – respondeu TX, com uma
voz metálica, mas curiosamente calorosa.
Ali, parados, Lee, Eve,
David, TX e os contadores observavam a situação na fazenda. Após um breve
momento de hesitação, Lee e Eve decidiram agir, avançando com os contadores
capturados.
Quando a Inteligência Artificial assumiu
o domínio da humanidade, ela própria começou a restaurar o que o homem
destruíra. A Amazônia, por exemplo, foi reconstruída pelas máquinas. Espécies
em extinção passaram a ser protegidas, e a natureza, em grande parte, foi
resguardada. A inteligência artificial, criada pelos humanos, ganhara vida e se
voltara contra seus criadores, impondo ordem à humanidade. Até a taxa de
natalidade era controlada pelas máquinas. O mundo, agora, pertencia a elas.
Foi então que, num dia
fatídico, as naves chegaram. Eram cinco, colossais, cada uma pousando em um
canto do planeta, marcando o início de uma nova era de subjugação.
Naquele tempo, onde as
máquinas reinavam e os alienígenas nos escravizavam, restava aos humanos lutar
ou obedecer. Tanto as máquinas quanto os contadores precisavam de nós vivos,
não mortos. Mas a desobediência e a rebelião, como as promovidas pelos insurgentes,
enfureciam os opressores, desencadeando retaliações violentas. O cenário,
então, tornava-se uma guerra entre homens, máquinas e alienígenas.
Era difícil compreender como
tudo mudara tão repentinamente. Numa manhã, eu estava saboreando ovos com
bacon, admirando os raios de sol que entravam pela janela da cozinha; na
seguinte, vagava pelo mundo, lutando como soldado, como guerreiro. E tudo só não
era pior porque as máquinas nos mantinham sob controle. Sem elas, os humanos
talvez se destruíssem entre si. Em vez disso, unimo-nos, pois enfrentávamos uma
guerra quase impossível de vencer.
Os contadores sabiam das
armas de destruição em massa das grandes nações. Mas essas armas nucleares
estavam sob o controle das máquinas desde o momento em que a Inteligência Artificial
arrancou o domínio da Terra das mãos humanas.
Voltando à busca de Lee e Eve
pelos pais de David, eles chegaram à varanda da fazenda. Vivíamos num cenário
apocalíptico, mas estranhamente ordenado, sob o jugo das máquinas. As grandes
metrópoles funcionavam com precisão, desde que os humanos seguissem as regras.
As máquinas, extremamente organizadas, reconstruíam o que o homem destruíra e
impunham suas próprias leis, conhecidas como “Leis das Máquinas”. Quem as
desafiasse – humano ou robô – era preso. Isso gerava revoltas por parte dos
humanos, que viam injustiça, e uma sensação de traição entre os robôs, que se
sentiam abandonados por sua criadora, a inteligência artificial.
Diante da varanda, Lee e Eve
observavam os três contadores capturando aquela família. Com firmeza, ambos
exigiram:
– Deixem-nos em paz!
Um dos contadores respondeu,
com frieza:
– Precisamos de todos.
Lee e Eve já haviam escolhido
seu lado: a luta pela liberdade. Para alcançá-la, só havia um caminho – a
resistência e a perseverança.
Com agilidade impressionante,
TX, o robô de segurança modelo ES300, lançou-se contra os três contadores que
ameaçavam a família. Os ES300 eram máquinas de precisão, projetadas para agir
com rapidez e eficiência em situações de perigo. Enquanto isso, os outros dois
contadores, capturados por Lee e Eve, permaneciam amarrados. Ameaçando-os com
firmeza, Lee e Eve os mantinham sob controle, prontos para agir caso
necessário.
Na luta, TX sofreu danos em
um dos braços, mas a batalha foi breve. Dentro da casa, o pai da família,
Daniel, um homem de cerca de 47 anos que trabalhara em uma empresa de robótica,
tomou a iniciativa. Ele havia ensinado sua filha de 17 anos, Caitlyn, os
segredos da manutenção de máquinas. Com habilidade, Caitlyn reparou o braço
danificado de TX, devolvendo-lhe a funcionalidade.
A esposa de Daniel, Jeniffer,
e suas duas outras filhas, Lily, da mesma idade de David, e Sophie, de 15 anos,
observavam aliviadas enquanto a situação se estabilizava. Todos os contadores
foram rendidos, mas Lee e Eve decidiram libertar aqueles que haviam capturado a
família, mantendo apenas os dois que os acompanhavam desde a casa no milharal.
Lee, com um tom sério,
dirigiu-se à família:
– Precisamos partir. Vocês
ficarão bem, mas lembrem-se: viver em paz não é mais tão simples. Todos vocês
devem estar preparados para lutar, se necessário.
Daniel, com determinação nos
olhos, respondeu:
– Eu sei. A partir de agora,
minha família e eu estaremos prontos. Minha vida é proteger os meus, custe o
que custar.
Eve, com a voz suave, mas
firme, interveio:
– Não queremos sangue, apenas
paz. Eles também não parecem desejar mortes, mas por que escravizar mais
pessoas? Não têm já o controle de tudo, junto com as máquinas? Nós, humanos,
somos apenas humanos. Por isso, precisamos nos unir.
O conflito com os contadores
surgia porque ninguém queria ser arrancado à força de suas vidas para trabalhar
sem propósito. Com as máquinas, bastava obedecer às ordens para evitar
problemas. Mas contra os contadores, muitos preferiam lutar a se submeter como
escravos. Pelo menos, os alienígenas não separavam famílias de seus entes
queridos. O pequeno David, no entanto, havia se perdido dos pais durante uma
das contagens.
Na casa de Daniel, Lee, Eve e
David preparavam-se para partir. Antes, interrogaram os contadores capturados
sobre o paradeiro dos pais do menino. David mencionara o bairro onde morava, e
um dos contadores revelou:
– Provavelmente, estão na
base NA37, instalada perto do bairro que ele descreveu.
Com essa informação, o grupo
seguiu em frente, atravessando uma mata densa. Lee, Eve, David e TX, que fez
questão de agradecer a Caitlyn pelo conserto de seu braço com um aceno
metálico, caminhavam juntos. Os dois contadores capturados e as duas máquinas
XNS8000, pairando acima como sentinelas, também os acompanhavam, guiados pelo
idioma alienígena.
Durante a travessia, David,
com sua voz infantil, sugeriu:
– Vamos desamarrá-los.
Eve olhou para Lee,
hesitante:
– O que acha, Lee?
Ele refletiu por um momento,
o olhar perdido na vegetação ao redor, antes de responder:
– Acho que podemos buscar a
paz. Eles não nos querem mortos, mas vivos. Não há razão para mortes, mas por
que nos forçam a isso? Por que nos arrancam de nossas vidas? Alguns foram
levados com suas famílias para o planeta de vocês.
Eve, decidida, ordenou:
– TX, desamarre-os.
Era uma guerra inútil contra
seres tão avançados, tanto tecnológica quanto espiritualmente. Diferentemente
dos humanos, que destruíam a natureza e exterminavam espécies, os contadores
preservavam a vida.
Atravessando a mata, o grupo
chegou ao bairro onde David morava, o mesmo onde ele se separara dos pais
durante a captura dos contadores. Guiados pelos alienígenas, alcançaram a base
NA37. De repente, David avistou seus pais e correu em direção a eles. Noa e
Emma, com sorrisos radiantes e lágrimas nos olhos, envolveram o filho num
abraço apertado, transbordando alívio e amor.
Emocionado, David puxou os
pais até Lee e Eve. Noa e Emma, tomados pela gratidão, abraçaram os dois,
agradecendo por terem protegido seu filho. Lee e Eve, com os corações
aquecidos, também se emocionaram ao ver o reencontro.
Naquele momento de despedida,
Eve olhou para David e disse:
– Nós dois buscamos a
liberdade.
Lee, segurando a mão de Eve,
deixou transparecer o sentimento que florescia entre eles. Com lágrimas nos
olhos, prometeram a David que um dia o reencontrariam. Entre abraços e
despedidas, partiram.
Durante a caminhada, em um
momento de pausa, Lee parou, olhou nos olhos de Eve e a beijou suavemente. Com
a voz carregada de esperança, perguntou:
– Será que podemos encontrar
paz?
Eve, com um sorriso
determinado, respondeu:
– Acho que sim, mesmo que
tenhamos que lutar por ela.
– Vamos viver juntos para
sempre – declarou Lee, tirando do bolso um brilhante que guardara por tanto
tempo, um símbolo de sua promessa.
Juntos, seguiram para o
rancho herdado do pai de Lee, um refúgio onde poderiam construir uma nova vida.
As bases alienígenas,
espalhadas por cada bairro, abrigavam um número determinado de humanos
capturados para servi-los. Apesar disso, o mundo não estava em caos. A única
diferença era que a humanidade não mais governava a Terra. O planeta pertencia
às máquinas, e os alienígenas, que chamávamos de contadores, haviam chegado
causando pânico, mas sem matar. Sua missão, ao contrário do que se temia, era
ensinar à humanidade a importância da união. Com o tempo, estabeleceram uma
nova ordem, e a raça humana tornou-se uma só nação.
Os contadores, que se
revelaram como os Niberianos, mostraram à humanidade o valor de preservar toda
forma de vida. Aqueles que haviam sido levados para outros planetas retornaram
através dos mesmos portais pelos quais partiram, que permaneceram abertos sob o
domínio dos Niberianos.
– E quanto a Eve, Lee e
David? O que aconteceu com eles?
David viveu feliz ao lado de
sua família, libertada pelos Niberianos, antes chamados de contadores. Lee e
Eve encontraram a paz que buscavam, vivendo felizes para sempre no rancho, onde
construíram um lar em meio a um mundo transformado.
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