quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Rosas Caídas

Rosas caídas
sobre antigas
sepulturas no
fim da tarde.
A chuva sobre
a sua saudade
 
Você aqui como
flores solitárias
em uma manhã
de primavera.
A tarde se
disperde em
mais um pôr
do sol.
 
A solidão mais
uma vez
contempla
esse contraste
até desaparecer
sobre a linha
do horizonte.
 
E surgia as
estrelas em
meio o céu da
noite pra me
trazer a lembrança
do brilho dos
teus olhos. – Tiago Amaral
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O Visitante

Por Tiago Amaral - Versão Revisada

 A missão para explorar M-32 era uma aposta no escuro, uma dança com o desconhecido. Jack, sozinho em sua cápsula de exploração, sentia o vazio do espaço pressionando contra o casco. A nave, um modelo compacto projetado para missões solo, cortava o vácuo em direção ao planeta, uma esfera enevoada que pairava como um segredo no horizonte cósmico. Então, tudo desabou. Um chiado agudo nos sistemas, luzes piscando em vermelho, e a nave girou fora de controle, mergulhando no céu nublado de M-32 como uma pedra atirada contra um lago de chumbo.

“Quando dei por mim, estava caindo. A nave bateu, e o mundo apagou”, relatou Jack depois, a voz rouca, ainda preso ao eco do impacto. Ele acordou com a cabeça latejando, o cheiro de metal queimado e circuitos derretidos impregnado no ar. A nave, agora um esqueleto retorcido, estava cravada em um vale, cercada por montanhas cobertas de vegetação alienígena — árvores retorcidas, com folhas que pareciam absorver a luz em vez de refleti-la. O céu, pesado com nuvens cinzentas, parecia baixo demais, como se quisesse esmagar o planeta. Cristais negros, afiados como facas, pontilhavam o solo rochoso, dificultando cada passo.

— Meu Deus, onde estou? — murmurou Jack, os olhos grudados na janela da nave, que emoldurava um horizonte de montanhas verdes sob um céu que parecia vivo, pulsando com uma energia errada. A solidão era mais do que silêncio; era uma presença, um vazio que rastejava sob a pele. Não havia pássaros, insetos, nem o menor sussurro de vida animal. Apenas o rugido distante de um mar invisível, vindo de trás das montanhas, como um lamento preso no tempo.

A chuva caiu, pesada, martelando o casco com uma fúria que parecia pessoal. Jack permaneceu dentro da nave, verificando o rádio com dedos trêmulos. — Estão me ouvindo? Sou eu, Jack.

— Jack! — A voz de Anna crepitou pelo comunicador, um fio de esperança na escuridão. — Você está bem?

— Aterrissei em M-32. Foi brusco. Estou vivo, mas... Anna, esse lugar é errado. Não há vida aqui. Nada. Nem um pássaro, nem um inseto. Só plantas... e ruínas. Vou explorar, mas preciso de resgate.

— Jack, tenha cuidado. Não sabemos o que há aí.

Quando a chuva cessou, Jack vestiu o traje espacial, o capacete selado com um clique que ecoou no silêncio. Saiu da nave, a câmera embutida gravando cada passo. O solo rangia sob suas botas, os cristais negros refletindo fragmentos do céu nublado como espelhos quebrados. O som do mar, baixo e constante, vinha de além das montanhas, mas era o único sinal de movimento. O planeta parecia um túmulo, abandonado, com um ar de luto que pesava nos ombros de Jack.

Ele avançou até uma cidadela em ruínas, suas megas-estruturas de pedra negra erguendo-se como ossos de uma civilização extinta. Templos e torres, cobertos de musgo alienígena, exibiam entalhes de figuras humanoides com membros longos e olhos grandes, como se vigiassem algo além da realidade. Inscrições serpenteavam pelas paredes, em um idioma que desafiava a lógica — curvas e ângulos que doíam os olhos ao tentar decifrar. Desenhos esculpidos mostravam cenas de catástrofe: céus em chamas, figuras fugindo para as estrelas.

— Anna, é fascinante... e aterrorizante — relatou Jack, a voz abafada pelo capacete. — Havia uma civilização aqui, mais avançada que a nossa. Algo aconteceu. Um cataclisma, talvez. Uma praga, um vírus... ou algo pior. Eles partiram, mas não sei se por escolha. As ruínas... elas parecem vivas, Anna. E eu tenho medo de estar respirando o que os matou.

— Jack, isso é incrível, mas perigoso — respondeu Anna, a voz tensa. — Saia daí. Não sabemos se há risco de contaminação.

Jack continuou, movido por uma mistura de curiosidade e pavor. O planeta parecia sussurrar, cada pedra, cada cristal, carregando um segredo que ele não queria desvendar, mas não podia ignorar. Ao se aproximar do som do mar, ele parou. Sobre a linha do horizonte, sob o céu nublado, viu algo que fez seu estômago revirar: silhuetas escuras, quase translúcidas, flutuando como espectros. Não eram criaturas, mas entidades — formas que desafiavam a lógica, como anjos caídos de outra dimensão, pairando entre o real e o impossível.

A chuva voltou, leve, mas fria, caindo sobre a areia negra da praia. O mar, escuro como petróleo, movia-se sem vida, suas ondas quebrando em um ritmo que parecia errado, como um coração fora de compasso. Jack gravou tudo, a voz tremendo: — Anna, vi algo. Não sei o que era. Entidades, talvez. Algo sobrenatural. Acho que esse cataclisma abriu uma fenda... para outro plano, outra dimensão. Esse lugar não é só um planeta morto. É um portal.

De repente, um peso o dominou. Ele caiu de joelhos, a visão embaçando. — Filho... Filho! — uma voz ecoou, não no rádio, mas dentro de sua cabeça. Era sua mãe, morta há anos. E então, outra voz, mais frágil, mas inconfundível: — Papai... — Era Carolaine, sua filha, perdida em um acidente que ainda o assombrava. Jack acordou com um grito, deitado no solo frio, o capacete embaçado pelo próprio hálito. — Anna, tive um sonho... ou não era um sonho. Vi minha mãe. E Carolaine. Parecia real, como se eu tivesse cruzado para outro lugar.

— Jack, você está bem? — perguntou Anna, o pânico contido na voz. — Algum dano no traje? Contaminação?

— Não, estou inteiro. Mas o que está acontecendo aqui... não explica. Não é só o planeta. É algo maior.

Jack olhou para o céu, agora mais escuro, trovões rolando como um aviso. Ele sabia: M-32 não era apenas um planeta deserto. Era um limiar, um lugar onde a realidade se dobrava, onde o passado e o impossível se encontravam. E ele, um intruso, estava preso no centro disso tudo.

O planeta M-32 parecia segurar o fôlego, como se soubesse algo que Jack não sabia. As ruínas da cidadela, com seus templos e inscrições alienígenas, sussurravam de uma civilização que fugira às pressas — ou que fora arrancada do próprio mundo. Jack sentia isso na pele, uma certeza fria de que o cataclisma que devastara o planeta não era apenas passado, mas uma ameaça viva, pronta para rasgar a realidade novamente.

O céu, carregado de nuvens negras, rugia com trovões que ecoavam como lamentos. A chuva caía em véus, fria e cortante, transformando a areia negra da praia em um espelho escuro. Jack, parado diante do mar morto, sentia o vazio do planeta como uma faca no peito. As ondas, sem vida, batiam na costa com um ritmo hipnótico, quase ritualístico. Foi então que ele as viu novamente: silhuetas escuras, flutuando no horizonte, como anjos caídos ou espectros de outra dimensão. Algumas estavam mais próximas agora, pairando a poucos metros, suas formas indistintas tremeluzindo como se não pertencessem à realidade. Eram entidades, não criaturas — algo que desafiava a lógica, algo que fazia a mente de Jack gritar para fugir.

Ele precisava descansar. Encontrou uma caverna na encosta de uma montanha, suas paredes cobertas de cristais negros que pulsavam com um brilho fraco, como se respirassem. Acendeu uma fogueira com destroços secos, o fogo lançando sombras que dançavam como as entidades lá fora. Exausto, Jack adormeceu, o som do mar invadindo seus sonhos.

— Pai! Pai! — uma voz infantil o arrancou do sono. Era Carolaine, sua filha, perdida em um acidente anos antes. Ele a viu, tão real, com seus cachos loiros e olhos brilhantes, correndo pela praia negra. — Estamos te esperando, filho! — gritou outra voz, a de sua mãe, morta há uma década. — Te amamos! — As figuras se dissolveram na escuridão, e Jack acordou gritando, deitado na areia fria, a fogueira reduzida a cinzas. O céu nublado parecia mais pesado, como se o próprio planeta estivesse se fechando sobre ele.

— Anna, tive um sonho... ou não era um sonho — relatou ele pelo rádio, a voz tremendo. — Vi Carolaine. E minha mãe. Parecia real, Anna, como se eu tivesse cruzado para outro lugar. Um outro plano.

— Jack, você está bem? — perguntou Anna, o pavor mal disfarçado. — Algum dano no traje? Contaminação?

— Não, estou inteiro. Mas esse lugar... não é só um planeta morto. É um portal. Algo abriu fendas aqui, Anna. Fendas para outros mundos.

O céu escureceu ainda mais, trovões rolando como um tambor de guerra. Jack olhou para cima e viu algo nas nuvens — não uma forma, mas um vazio, uma sombra que se movia contra a lógica, como se o próprio céu estivesse rachando. — Vi algo nas nuvens, Anna. Não sei o que era, mas era... errado.

— Saia daí, Jack. Agora — ordenou ela.

— Estou indo. Vou levar amostras do que encontrei. Enviando sinal de resgate agora.

Jack correu em direção à nave, a chuva caindo em torrentes, o solo escorregadio sob suas botas. Cada passo era uma luta contra o peso do planeta, como se M-32 quisesse segurá-lo. Ele gravava mensagens, a voz entrecortada: “Esse lugar é mais do que parece, Anna. Não são só sonhos. Eu ouço vozes, ruídos... vejo silhuetas flutuando, como fantasmas. Sinto Carolaine e minha mãe, como se estivessem aqui. E se eu não sair agora, acho que vou ficar preso... para sempre.”

Um som ensurdecedor cortou o ar, um lamento que não era humano, seguido por um brilho que piscou e se apagou no horizonte. Jack parou, o coração na garganta. O cataclisma que devastara M-32 não era apenas uma memória — era uma força viva, abrindo fendas para mundos além da compreensão, talvez até o mundo dos espíritos. Ele sentiu isso, uma certeza fria: aquelas entidades, aquelas silhuetas, não eram apenas resquícios. Eram guardiãs, ou predadoras, de algo muito maior.

Chegando à nave, Jack quase caiu de alívio. “Consegui, Anna. Estou na nave. Enviando o sinal.” Ele acionou os controles, o painel piscando com vida relutante.

— Jack, está me ouvindo? — A voz de Anna crepitou, um farol na escuridão.

— Estou aqui, Anna.

— A nave de resgate está a caminho. Aguente firme.

Jack olhou pela janela uma última vez. O céu de M-32 trovejava, as entidades pairando na distância, como se o observassem. Ele voltou para casa, mas não ileso. O que viu, o que sentiu, ficou com ele — as vozes de Carolaine e sua mãe, o peso do planeta, o vazio que não explicava. E, de algum modo, M-32 o aproximou de Anna, como se o universo, em sua crueldade, tivesse dado a eles uma segunda chance após a perda de Carolaine. Mas, nas noites seguintes, Jack ainda olhava para as estrelas, perguntando-se se aquelas fendas se abririam novamente.


quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Dias de Chuva

Procuro os teus
olhos em meio
a chuva como
lagrimas que
se perdem em
meio ao temporal.
 
Mais um dia
em que o sol
mal apareceu,
dias de chuva
em pleno verão.
 
E o único sol
hoje a brilhar
foi a lembrança
do teu riso...
Enquanto o céu
escurecia.
 
Em minhas
memorias como
antigas fotografias,
antigos desenhos
aonde você vive
a florescer. – Tiago Amaral
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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O Pôr do Sol

A tarde se esvai
em um dia nublado
em pleno verão.
Lembranças que
o vento me traz.
 
O tempo que
se diluir como
castelo de areia
na beira da praia
diante do pôr
do sol.
 
O amanhecer
de hoje foi o
mais sombrio
e vazio desde
desde do dia
que você partiu.
 
E mais uma vez
solitariamente
como eu se põe
o sol sobre a linha
do horizonte. – Tiago Amaral
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sábado, 20 de janeiro de 2024

Ruínas Sob A Chuva

Que jardim
quando olho
para trás e
vejo o tempo
que ficou.

Uma amanhã
quente sob
a última chuva
de primavera.

De repente
o tempo fechava,
rosas escuras,
minhas ultimas
lembranças.

As ruinas que
resistem ao
tempo mesmo
sob as fortes
chuvas. – Tiago Amaral
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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Na Solidão

A solidão desses dias vazios
na escola, a procura do teu
olhar, que tanto me aquecia
e me fazia sonhar, mesmo nós
dias mais frios da cidade.
Mas uma fria manhã de céu
cinza sobre a cidade, agora
em sua ausência, sob mais uma
manhã fria. A sim como mais um
trem que chega sem você.
 
Um simples pedaço de metal sem
alma. E no caderno uma fotografia
sua, com os olhos de uma tarde de
primavera. E nessa hora é que o coração
aperta, e entre uma aula e outra, eu sinto
você aqui, bem perto de mim.
Será que a sim como eu, você ainda
pensa em mim, e com seus pais
evita de falar e se esconde em seu quarto.
 
Que houve dos amigos para que
não sofra mais por mim, por favor meu
amor me espere, a sim como se espera
pela primavera, para ver a beleza das
flores, a sim como você,
eu também não sei viver a sim, desde
do dia que os seus pais mudaram e
te levaram embora de mim.
 
As tardes sem você parecem não
terem fim, na escola cada matéria
se torna inútil, pôs tudo se concentra
em você, nessa incerteza que seria
viver a vida sem você, por isso meu
amor, por favor me espere, a sim
como o tempo esperar por cada
estação que se vai, pôs sem
você também eu não posso viver,
na solidão que reside entre nós dois. – Tiago Amaral
Poema inspirado na canção Solitudine de Laura Pausine.
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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Na Secreta Solidão

Eu lembro de
ruas e lugares.
E de pessoas 
que conheci.

O marinheiro
no mar das
ruas, a navegar
sob a luz da lua.

Na minha 
secreta solidão,
olhos de jaguar,
o poeta a olhar 
na direção
do mar.

E nesse fim
de tarde,
apareça,
fica e mora 
no meu coração. – Tiago Amaral
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