segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Ar Divino

Respira o ar do mundo
que quando respirado
descendo e preenchendo
os teus pulmões
tornando-se então divino.

Fico-me então a espera
de respirar o mesmo
ar que ela.

Contempla ela então a lua
que chora de puro
ciúme dela.

Entrego-te minhas juras
além de minha vida
e de meu coração.

Teu ar divino tanto
quanto doce flor sublime
que como anjo acolho-te
em minhas asas e
em meu coração. – Tiago Amaral


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A Tempestade

Por Tiago Amaral (versão editada)

 

O azul sereno do céu, naquele dia pacato, deu lugar a um tom acinzentado e profundo. Escureceu de repente, como se o próprio firmamento estivesse prestes a desabar.

Acima da linha do horizonte, formavam-se cúmulos-nimbos gigantescos e ameaçadores. O calor do dia foi engolido por um frio súbito e cortante.

— Mamãe, mamãe, mamãe! — gritava um pequeno garoto, a voz trêmula de medo.

— Vem, entra rápido, filho! — respondeu a mãe, acolhendo-o nos braços com urgência. Seus olhos estavam fixos nas nuvens monstruosas que se aproximavam como uma muralha viva.

— Meu Deus... o que é isso? — murmurou ela, sem conseguir desviar o olhar daquilo que se erguia diante de seus olhos.

A tempestade se formava com fúria. Raios rasgavam o céu, e trovões rugiam — rugiam como feras famintas, como tigres invisíveis devorando o silêncio.

— Mamãe, olha! As nuvens estão chegando... estou com medo, mamãe — disse o menino, chamado Tommy.

— Olhe pra mim. Vai ficar tudo bem, querido — respondeu Keiti, tentando conter o pânico que crescia dentro dela.

— Vamos esperar seu pai voltar — disse, mais para si mesma, enquanto pensava: “Sam, onde você está?”

A quilômetros dali, preso no trânsito, estava Sam. Do interior do carro, ele observava o céu em mutação — uma pintura sinistra em tons de cinza e carvão.

As nuvens se adensavam, pesadas como concreto. O ar parecia vibrar com os trovões, e o medo se espalhava como uma epidemia silenciosa. Pessoas começaram a abandonar seus veículos, correndo sem rumo.

Sam apertou o volante, sentindo o pressentimento se transformar em certeza: “Isso não é normal.”

Sem hesitar, saiu do carro e começou a correr. O pensamento em sua família o guiava como um farol.

Na casa do campo, Tommy observava o céu pela janela. Seus olhos se arregalaram.

— Mamãe, eu vi uma luz azul! — disse, surpreso.

— Eu também vi, meu amor — respondeu Keiti, com a voz embargada. O céu estremeceu como se estivesse sendo rasgado por dentro.

— Vai ficar tudo bem — disse ela, tentando manter a calma.

— Ok, mamãe — respondeu Tommy, embora seus olhos ainda buscassem respostas no céu.

A cidade, antes pacata, agora parecia à beira do colapso. Luzes misteriosas dançavam entre as nuvens, mas ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. A ventania uivava, e os trovões rugiam com uma força quase sobrenatural.

Sam avistou sua casa ao longe. Um alívio breve o tomou, seguido por uma preocupação ainda maior.

— Papai! — gritou Tommy, correndo para os braços do pai.

— Estávamos tão preocupados — disse Keiti, abraçando Sam com força.

— Cadê a Zoe? — perguntou ele, aflito.

— Está dormindo — respondeu Keiti, embora sua voz traísse a inquietação.

— Mamãe! Pai! — gritou Zoe, de repente.

Os dois subiram correndo até o quarto da filha.

— Tinha uma luz... uma luz muito forte no quarto! — disse a garota, ainda assustada.

Uma presença luminosa e intensa invadira o quarto, despertando Zoe com um susto. Ela mal conseguia explicar o que vira, mas o medo em seus olhos era real.

Lá fora, o céu continuava a escurecer, pesado como chumbo. Ainda não chovia, mas tudo indicava que o céu estava prestes a desabar com violência.

Keiti e Sam reconfortaram a filha, que ainda tremia.

— Era uma luz... muito intensa — disse Zoe.

— Não foi um sonho, querida? — perguntou Sam, tentando racionalizar.

— Não... parecia real, papai — respondeu ela, com a voz trêmula.

— Vai ficar tudo bem — disse Sam, embora ele mesmo não acreditasse completamente.

Então, um som estrondoso e agudo ecoou de dentro da tempestade. Um grito do céu. Um rugido que parecia vir de algo vivo e colossal.

Vidraças se estilhaçaram em pleno ar. O pânico tomou conta da cidade. Sam e Keiti abraçaram as crianças, tentando protegê-las do que quer que estivesse por vir.

O céu, enfim, desabou. Raios caíam em sequência, como chicotes de luz. A tempestade rugia sem pausa, como se o mundo estivesse sendo castigado.

A ventania arrancou parte da colheita de Sam e a lançou contra a casa — milho, folhas, galhos, até pássaros. Tudo parecia fora de lugar, como se a natureza estivesse sendo reescrita.

Sam e Keiti saíram para observar a tempestade, agora mais intensa do que nunca.

— Amor... você está vendo isso? — disse Sam, com a voz engolida pelo vento. — Os raios não param... simplesmente não param.

Keiti olhou para o céu, assustada.

— Estou vendo... — murmurou. — É melhor entrarmos.

— Está forte demais. Vamos entrar — disse Sam, puxando a esposa de volta para dentro.

As vozes das crianças ecoavam da casa:

— Papai! Mamãe!

Um som profundo e ensurdecedor explodiu dentro das nuvens. Tão forte que janelas se quebraram em casas vizinhas, como se o próprio ar estivesse se despedaçando.

E então, o silêncio foi quebrado. A tempestade havia apenas começado.

— Precisamos nos proteger. Vamos! Querida, pegue as crianças e vamos para o porão — disse Sam, com a voz carregada de urgência.

— Ok, vou buscá-los — respondeu Keiti, já em movimento.

Do lado de fora, o mundo parecia ter sido engolido por um inferno elétrico. Raios cortavam o céu com fúria crescente, e os trovões soavam cada vez mais graves, como tambores de guerra de um exército invisível. E então, finalmente, a chuva caiu — pesada, violenta, como se o céu estivesse chorando em desespero.

— Meu Deus... o que é isso? — murmurou Keiti, ao ver a casa tremer com a força da tempestade.

Sam, Keiti e os filhos correram para o porão. O vento uivava como uma criatura viva, e o frio úmido da tarde que se despedia tornava tudo mais sombrio.

— Pai... estou com medo — disse Zoe, descendo a escada com os olhos arregalados.

— Rápido, crianças! Vamos! — gritou Sam, esperando que todos chegassem ao térreo.

— Estamos indo, pai! — respondeu Zoe, puxando o irmão pela mão.

— Vamos nos abrigar no porão — repetiu Sam, como um mantra de sobrevivência.

Lá fora, o caos se intensificava. A chuva castigava o solo, os ventos arrancavam telhados e árvores, e os sons que vinham das nuvens pareciam gritos de algo que não era humano. Pessoas corriam em desespero, algumas entregando suas mentes à loucura, incapazes de compreender o que se desenrolava diante delas.

— Isso não vai parar... — disse Sam, protegendo sua família no porão.

Era como se o fim dos tempos tivesse chegado. O mundo conhecido se desfazia, e o medo tomava conta das ruas e das almas. Era o tipo de terror que não se vê — se sente.

— Mamãe, estou com medo! — gritou Tommy, quando um estrondo colossal sacudiu a casa.

Não era apenas uma tempestade. Era algo além — algo sobrenatural. A noite caiu como um véu, e mesmo do porão, era possível ver luzes estranhas invadindo a casa.

A energia elétrica ainda resistia, mas então, como se obedecesse a um comando invisível, tudo se apagou. Um silêncio profundo e agonizante tomou conta do ambiente, como se o mundo tivesse parado de respirar.

— O que é isso agora? — perguntou Keiti, em voz baixa.

— Isso é estranho... muito estranho — disse Zoe, a filha adolescente, com os olhos fixos na escuridão.

Tommy abraçou a mãe com força, buscando refúgio em seu calor.

— Mamãe... estou com medo.

A cidade estava mergulhada na escuridão. No porão, havia mantimentos, um banheiro, e uma caixa de ferramentas. Sam procurou por lanternas e distribuiu uma para cada um.

O silêncio era tão denso que parecia empurrá-los para fora do porão. Sam olhou para Keiti.

— Querida, vou ver se há algo estranho na casa.

— Vamos com você — disse Keiti, pronta para acompanhá-lo.

— Não. Fique com as crianças — respondeu Sam, com firmeza.

— Pai, vamos todos juntos — disse Zoe.

Sam olhou para cada um deles, sentindo o peso da responsabilidade. Então cedeu.

— Ok, vocês venceram. Mas fiquem atrás de mim. E atentos. Está bem?

— Ok — disseram as crianças em uníssono.

— Está bem — concordou Keiti.

A casa estava mergulhada em sombras. O silêncio era tão absoluto que parecia antinatural. As lanternas cortavam a escuridão como pequenas esperanças. Sam, Keiti, Zoe e Tommy vasculharam cada cômodo, em busca de algo — qualquer coisa — que explicasse o que estavam vivendo.

Mas não havia nada. Nenhum sinal de presença. Nenhum fenômeno. Apenas o vazio.

E então, quando pensaram que havia terminado, a luz voltou. Uma luz intensa, ofuscante, invadiu a casa pela janela, como se o próprio céu estivesse tentando entrar.

— Pai... essa luz! — gritou Zoe, enquanto desciam a escada.

A tempestade retornou com força total, como se quisesse empurrá-los de volta ao porão. Sam, Keiti, Zoe e Tommy correram, descendo às pressas.

— Vamos! Depressa! — gritou Sam.

Era pior do que antes. A casa tremia. Os trovões rugiam como se quisessem romper o chão. A terra parecia pulsar com um abalo sísmico leve, mas constante. As crianças choravam, abraçadas aos pais.

— Papai! Mamãe! Estamos com medo!

— Estamos aqui com vocês — disseram os pais, tentando acalmá-los.

Keiti abraçou os filhos com força.

— Vai ficar tudo bem — disse, olhando nos olhos deles.

— Eu espero, mamãe — disse Zoe, com a voz trêmula.

— Eu também, mamãe — disse Tommy, agarrado ao seu braço.

Os estrondos continuavam. Os rugidos celestes pareciam vir de algo colossal. E então, a luz do lado de fora se intensificou. Um clarão invadiu a casa, cegando tudo. A luz desceu até o porão, como uma avalanche silenciosa.

Sam olhou para aquilo, incrédulo. Keiti abraçava as crianças. Sam os envolveu com os braços. E então, tudo foi tomado pela luz.

Nada mais podia ser visto.

Durou apenas um segundo.

Quando a luz se dissipou, os corpos de Sam, Keiti, Zoe e Tommy estavam espalhados pelo milharal. A plantação estava achatada, como se algo gigantesco tivesse pressionado o solo.

— O que foi isso...? — disse Sam, ao despertar, sentindo o sangue escorrer de suas narinas.

— Meu nariz está sangrando... — disse Keiti, tocando o rosto.

— Mãe! — gritou Tommy, assustado.

— Mãe, o meu também está sangrando! — disse Zoe, com os olhos arregalados.

— Mas o que foi isso...? — perguntou Keiti.

— Tem a ver com tudo aquilo... com o que aconteceu — respondeu Sam, ainda atordoado.

— Que bom que estamos todos bem — disse ele, com alívio.

Keiti reconfortou Tommy, depois se levantou e abraçou Sam. Eles se beijaram, e os rostos das crianças se iluminaram com sorrisos tímidos.

Então, Zoe e Tommy olharam para o céu.

Partículas azuis e luminosas desciam lentamente, como neve encantada. Espalhavam-se pelo ar, dançando em silêncio.

— Pai, mãe... olhem isso. Que lindo! — disse Zoe, fascinada.

— Eu peguei algumas! — disse Tommy, encantado.

— É lindo... — murmurou Keiti, com os olhos refletindo o brilho das partículas.

— Verdade... — disse Sam, sorrindo.

E ali, entre o milharal dobrado e o céu ainda carregado, a família permaneceu — hipnotizada pela beleza inesperada, como se o universo tivesse lhes oferecido um presente após o terror.

Por um momento, esqueceram tudo o que havia acontecido.

E talvez fosse melhor assim.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Oh Saudade

Oh saudade vai pra ela
e diz pra ela voltar.
Oh morena coisa mais linda
que saudade tu me traz.
Chega disso de tu viver
sem mim.

Não a beleza nem harmonia
sem você perto de mim.
Que coisa boa seria ver
ela voltar, oh coisa mais linda.
Caindo direto nos braços
que tanto lhe esperam.

Os braços a de ser milhões
amassos, bem apertados,
colados assim.
Amor e carinho sem fim
oh morena deixa disso
de viver sem mim.

Oh morena a realidade
é só saudade.
Oh se você voltar coisa
mais linda.
Haverá mais beijinhos
pra lhe dá do quer
estrelas pra contar. – Tiago Amaral



quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Florir

Sepulturas vazias, finos
grãos de areia.
Sinto a tua alma, risca
e tinja o meu mundo
de preto.

Chorando sobre as
asas de um anjo.
Rastejo de encontro
ao sol.

Lembranças remotas
de que tudo acabaria
bem.

O seu jardim morreu
eu reconheço suas
flores em cinzas.

Talvez algum dia
volte a florir.
Você reconheceu a
si mesma quando
voltou a chorar.

Um dia voltara a florir
como no dia que nossas
almas se encontraram
de baixo da fina chuva
de verão e você sorriu pra mim. – Tiago Amaral



Nunca Vou Deixar

Meu grande amor quanto
tempo que não a vejo mais
tristeza a lembrança do
teu olhar me traz.

Meu grande amor eu
lembro de como confrontei
minha timidez.

Meu grande amor eu juro
que tentei mas não
dá pra te esquecer.

Meu grande amor me perdoa
e me receba novamente
eu juro que nunca vou
deixar de te amar.

Dói demais quando nos
teus olhos não me vejo
mais.

Ninguém te fará feliz
amor eu demorei
pra saber que te amava
e não sabia.

Meu grande amor te
peço me perdoa e me
receba novamente
eu juro que nunca vou
deixar de te amar. – Tiago Amaral



Amante Serviçal

Tenho sede, tenho sede de você
não me importo de ir por
inferno...

Encha a minha cara e gaste
toda minha grana me use
faça de mim o teu amante
serviçal.

Sou teu serviçal
Sou teu serviçal
Sou teu serviçal

Na sala de aula você me
deixa sem ar
Me vi na tua cama sentindo
o gosto da luxuria.

Me castigando com teu
corpo quente.
Quero colocar o mundo aos
teus pés.

Sou teu serviçal
Sou teu serviçal
Sou teu serviçal

Eu quero ser o teu serviçal
amante.
Eu quero ser o teu serviçal
amante. – Tiago Amaral



quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Sem Você

O que é que vou fazer
sem tem você já que eu
preciso tanto do teu
coração.

Estou vivendo mais
sem paz é forte demais
as lembranças que você
me traz.

Meu amor a se você
soubesse a minha dor.
Que a vida sem você
é somente solidão.

Como vou dizer que
eu perdi você já que
não posso nem imaginar
viver sem você. 

Só consigo imaginar
que vou sofrer e ficar
chorando depois.
Com essa dor que é
muito ruim.

Vem meu amor me diz
alguma maneira pra
trazer você de volta pra
mim.
Já que eu preciso tanto
do teu coração. – Tiago Amaral