Por Tiago Amaral - Versão - revisada
O homem jamais deveria ter
retornado à Lua... Simplesmente jamais.
A última vez que um homem
pisou lá foi em 1972. Eugene Cernan, comandante da Apollo 17 — a última missão
lunar, desde então. Cernan morreu em 16 de março de 2017.
Desde aquela data, o homem
nunca mais voltou ao solo lunar. Até que, entre 2030 e 2040, antes do declínio
final da humanidade, algo estranho aconteceu.
O telescópio espacial Hubble
captou um brilho intenso no solo lunar. Um brilho tão forte que podia ser visto
a olho nu da Terra, reluzente como um imenso diamante ou a luz gélida de uma
estrela anã branca. Durou cerca de vinte e quatro horas.
Na mesma época, o Hubble
notou uma mancha circular e negra no Sol, três a quatro vezes maior que a Terra
— uma sombra que parecia se alimentar da energia solar. O fenômeno durou apenas
uma hora antes de desaparecer. Curiosamente, esse mesmo evento havia ocorrido
em 2012, deixando os cientistas intrigados.
Era hora do homem voltar à
Lua, depois de um longo hiato. Uma equipe internacional de astronautas foi
selecionada para a missão Apollo 21.
Sete em número — três
mulheres e quatro homens: Mia Meg, Anna Thomson, Julia Merely, David Merck,
Paul Manson, Chris Ford e Tom Francis.
À distância, o foguete da
Apollo 21 cortava a atmosfera terrestre, deslizando rumo ao vazio gelado do
espaço sideral.
Na imensidão fria e
silenciosa, o destino os esperava — uma aventura entre terror e desespero.
Próximo à Lua, orbitava a
estação espacial NEV1R3000 — uma fortaleza tecnológica, construída para estudar
o sistema solar, afastada da Terra, porém perto o suficiente para observar os
mistérios do cosmos.
Na estação viviam entre dez e
vinte pessoas, cada uma com funções específicas. Ali, os astronautas da Apollo
21 se preparavam para o aterrissar lunar.
Devido ao risco de
contaminação ou radiação, um robô explorador chamado BUR50 foi enviado à
superfície da Lua. Impulsionado por turbinas, ele cruzava o espaço rumo ao solo
acinzentado e frio.
O BUR50 encontrou uma
estranha substância cristalizada — um enigma que seus instrumentos não
conseguiam coletar. Por isso, quatro dos astronautas foram escolhidos para
recolher amostras com suas próprias mãos.
— Eu vou — disse Mia, firme,
olhando para a Lua pela janela da estação.
— Tem certeza? — perguntou
David.
— Sim — respondeu ela, sem
hesitar.
A nave de transporte, com
capacidade para quatro passageiros, saiu da estação em direção à superfície
lunar.
O robô BUR50 havia registrado
a substância espalhada por quase metade da superfície lunar — a origem daquele
brilho incomum que intrigava a Terra e a Nasa.
A nave aterrissou suavemente.
Os astronautas pisaram novamente na Lua após tantos anos.
— Olhem isso — disse Julia,
maravilhada.
— Meu Deus... — murmurou Tom.
Cristais reluziam por entre
as rochas lunares, frios e translúcidos, como gelo petrificado.
— Vamos coletar as amostras —
ordenou Tom.
— Certo — respondeu Anna.
Nada parecia vivo, nenhum
movimento, nenhum sinal de vida. Cada um recolheu um pouco da substância com
cuidado.
— A cristalização é
impressionante — comentou Mia, quando, de repente, algo se moveu ao redor da
Lua.
Uma coisa, com tentáculos que
se agitavam com velocidade assustadora, passou rapidamente e desapareceu,
deixando os astronautas apreensivos.
— Vocês viram aquilo? —
perguntou Anna, claramente assustada.
— Vi — disse David, ofegante.
— Meu Deus, eu estou
sangrando — Mia percebeu pelo reflexo no visor do capacete.
— Gente, acho que vou
desmaiar — ela murmurou, enquanto o mundo ao seu redor escurecia.
O medo tinha chegado à
superfície da Lua.
Mia desmaiou ali, no solo
frio e desolado da Lua.
A tripulação voltou para a estação, levando as amostras para análise. Mas o
verdadeiro terror estava apenas começando.
— Temos que voltar, agora! —
ordenou Anna, com a voz carregada de urgência.
— Certo, vamos — respondeu Tom, firme.
Na imensidão silenciosa do
espaço, a nave de transporte regressava para a estação NEV1R3000.
Lá dentro, a tranquilidade
reinava — mas seria uma paz prestes a ser quebrada.
— Eles estão voltando — disse
Julia, os olhos fixos no monitor.
— Agora finalmente saberemos o que realmente está acontecendo na Lua —
acrescentou Chris.
Assim que chegaram, Mia foi
levada às pressas para a enfermaria. Surpreendentemente, seu estado melhorou
rapidamente após os primeiros cuidados.
— Mia, você está bem? —
perguntou o médico.
— Sim — respondeu ela, ainda abalada, mas consciente.
Ninguém sabia o que estava
por vir, mas algo sinistro havia chegado à estação junto com as amostras.
Anna assumiu a análise das
substâncias coletadas.
— Vou analisar isso — disse
ela, determinada.
— Boa — respondeu Paul, enquanto os outros aguardavam ansiosos.
O que aconteceu a seguir
mergulhou toda a equipe no caos.
Durante a análise, Anna
percebeu algo aterrador: a substância parecia inquieta, quase viva.
— Meu Deus... — exclamou,
assustada.
— O que foi? — perguntou Tom, aflito.
— Está... se movendo. Ganhando vida. Multiplicando-se rapidamente.
Assim que a amostra entrou em
contato com o oxigênio da estação, o organismo ganhou vida própria — e
rapidamente contaminou Anna. Logo, a infecção se espalhou pela estação,
implacável.
— Anna, seu nariz está
sangrando — notou David.
— Acho que fui contaminada — respondeu ela, o pânico evidente no olhar.
Os alarmes soaram com
estridência, espalhando o pânico.
— Por aqui! — gritou alguém,
correndo pelos corredores.
Do lado de fora, a Terra
brilhava distante, o Sol iluminava a estação, mas lá dentro reinava o caos.
A estação era uma metrópole
flutuante no espaço, com cinemas, lanchonetes e áreas de lazer — agora palco de
um pesadelo.
— Eu não quero morrer aqui —
murmurou uma tripulante, aterrorizada.
O alarme se transformou em um
grito de horror. A estação foi tomada pelo pânico.
Anna, agora visivelmente
mutada, sangrava pelos olhos e se dirigiu à janela, encarando os colegas.
— Incinerem esta sala —
implorou.
A carnificina começava. Não
haveria sobreviventes.
Os primeiros contaminados se transformaram
em monstros sedentos por sangue, matando os que restavam.
A mutação grotesca lhes dava
garras, dentes caninos afiados e força descomunal.
Tom olhou para Anna, lágrimas
nos olhos, o coração apertado.
— Não podemos fazer isso —
sussurrou.
— Não temos escolha — respondeu ela, entre gritos e alarme — incinere a sala!
Tom encarou Anna, com amor e
dor.
— Eu te amo.
— Eu sei. Eu também te amo.
E a sala foi consumida pelas
chamas, levando Anna junto.
Enquanto isso, Mia se
recuperava na enfermaria, assustada e confusa.
Explosões e pequenos
incêndios espalhavam-se pela estação. O tempo era curto. Era fugir ou morrer.
A contaminação se espalhava
rápido demais — o poder de contágio era implacável.
Dos sete astronautas, agora
restavam seis — a morte de Anna pesava no ar.
Todos só pensavam em impedir
que a infecção chegasse à Terra.
Enquanto isso, na Terra, as
autoridades alertavam o mundo, e as pessoas rezavam para que o pesadelo nunca
chegasse até elas.
Mas o pior ainda estava por
vir.
Mia, tocada pela substância
lunar, começava a manifestar habilidades psíquicas.
— Estou me sentindo
estranha... diferente — disse ela ao médico.
— Como assim? — perguntou ele.
— Não sei explicar.
De repente, criaturas
furiosas avançaram contra a enfermaria.
Mia ergueu um braço e, com um
gesto, lançou-os para longe.
Ela se levantou, os olhos
brilhando com uma força desconhecida, e encarou a horda de monstros.
Com um simples olhar e um
gesto, incinerou-os com o poder do pensamento.
Longe dali, Mia se levantou e
avançou contra toda a horda de monstros.
Com apenas um olhar e um movimento da mão, incinerou cada um deles pela força
do pensamento.
Os outros, atônitos, não
conseguiam compreender o que estavam presenciando. Olharam para as câmeras da
sala médica e viram Mia em plena ação — e foi nesse instante que perceberam:
algo havia acontecido com ela na lua.
— A salvação agora é a Mia —
disse Tom.
— Sim — respondeu Julia, com um fio de esperança na voz.
Mia havia se tornado quase
uma entidade. Movia-se com determinação, exterminando as criaturas sem
hesitação. Era um ato triste — afinal, cada monstro fora, um dia, uma pessoa —,
mas necessário. Ela limpava a estação, varrendo cada ameaça com seu poder descomunal.
Quando terminou, o grupo se
aproximou.
— Mia... o que houve com você? — perguntou alguém, com receio da resposta.
— Eu não sei. Não me sinto
mais como uma pessoa comum... mas como algo capaz de tudo. Sinto que não posso
voltar para a Terra. Preciso buscar respostas... entender o real propósito da
nossa existência e os mistérios da vida e do universo... Adeus. — A voz dela
carregava uma estranha serenidade.
Sem esperar outra palavra,
Mia se teleportou para fora da estação, desaparecendo na vastidão cósmica, rumo
aos olhos infinitos do universo e ao abismo imersivo do espaço sideral.